1. Flor

2. Folha

3. Caule

4. Sementes

5. Raiz

Ver tudo

ANATOMIA DO CARDO

UTILIZAR CARDO

A Cynara cardunculus L. é uma planta perene mediterrânea que compreende a variedade Cardunculus L. ssp scolymus, conhecida vulgarmente por alcachofra e a variedade C. cardunculus L. ssp altilis, conhecida vulgarmente por cardo-do-coalho ou cardo queijeiro.

Os requisitos ecológicos de C. cardunculus correspondem às condições ambientais da bacia do Mediterrâneo, onde esta espécie se originou. O cardo é uma planta endógena do nosso país.

A FLOR

As brácteas de Cardo têm potencial no desenvolvimento de ingredientes de base biológica com alto potencial como conservantes alimentares, principalmente devido à presença de bioingredientes, compostos químicos naturais da planta, com atividade antioxidante e antimicrobiana.
O extrato das inflorescências de cardo é o coagulante vegetal mais usado na Península Ibérica para a produção de queijos de cabra e ovelha. Tal característica deve-se ao potencial proteólitico das proteases aspárticas encontradas em Cynara cardunculus, mais especificamente as cardosinas (A e B) e as ciprosinas, que se acumulam nas flores maduras (pétalas e pistilos). Estas enzimas têm uma grande capacidade de destabilização das proteínas do leite (como a caseína) promovendo a coagulação do leite e consequente produção de queijo.

Os estudos em Cardo já permitiram provar que:

A quantidade relativa de cardo usada em queijo DOP tem influência em características fisiológicas do queijo como conteúdo em proteína e gordura bem como em características físicas tais como cor e textura da casca. A análise de diferentes perfis de cardo tornou possível distinguir populações em relação ao tempo de coagulação do leite bem como a qualidade da coalhada e o rendimento médio de queijo. A utilização de cardo como coagulante vegetal tem vantagens em relação ao uso de coalho animal:

O uso de extratos aquosos de inflorescências de cardo como coagulante é obrigatório na fabricação de vários queijos tradicionais de leite de ovelhas em Portugal, tais como "Azeitão", "Castelo Branco", "Évora", "Nisa", "Serpa", "Serra da Estrela” e com designação DOP (de origem protegida).

SEMENTES

As sementes de cardo são ricas em lípidos (24% de óleo numa base de peso seco) com 5.6% de água. A produção de biodiesel utilizando óleo de cardo foi testada com extração Soxhlet, pressão mecânica e extração com fluído supercrítico, produzindo um biodiesel com propriedades semelhantes ao diesel comercial, número de cetano 48.9, e rendimentos na ordem dos 94%. Após a extração de biodiesel o bolo de sementes que sobra, como subproduto do processo, pode ser usado na ração animal, não excedendo os 10% de incorporação.

FOLHAS

As folhas são ricas em bioingredientes, ou seja, compostos químicos naturais da planta.

Na distribuição de alguns desses bioingredintes na folha é de destacar a presença das lactonas sesquiterpénicas com concentração de aproximadamente 95 mg/g de peso seco de folha e dentro destas, a cinaropicrina é a principal lactona presente, numa quantidade próxima das 87 mg/g: Vários destes bioingredientes podem ser extraídos e aplicados em diferentes indústrias:

Saúde

A cinaropicrina melhora o funcionamento do fígado e da vesícula biliar, estimulando a secreção dos sucos digestivos (como a bílis), bem como contribuí para a regulação gástrica. A cinaropicrina possui ainda efeitos anti-tumurais e anti-inflamatórios comprovados. Diversos compostos fenólicos presentes nas folhas possuem atividade antioxidante.

Alimentação

As folhas têm um alto valor nutricional podendo ser usadas na alimentação humana com valor nutricional por 100 g de 71,2 kJ, 4,07 g de carboidratos, 0,70 proteínas, 0,10 g de gordura total e 1,6 g de fibra alimentar 2,21. Utilização na pecuária para forragem com altos coeficientes de digestibilidade (86,1% para matéria orgânica, 78,3% para matéria seca e 77,6% para proteína bruta).

Agricultura

Várias lactonas sesquiterpénicas possuem uma atividade herbicida elevada que pode ser aproveitada como bio herbicida na agricultura. As folhas têm um alto teor de flavonoides, ácidos fenólicos com atividade antibacteriana comprovada para diferentes espécies bacterianas Gram positivas e negativas de interesse agrícola e alimentar.

O CAULE

O Caule de Cardo, possui baixa densidade, tornando-o uma biomassa versátil para a produção de materiais como:

Papel

Papel, o caule é composto por diversos tipos de células, mas do ponto de vista papeleiro são as fibras com 1,3 mm de comprimento médio, os elementos mais importantes. A produção de pastas para papel ronda um rendimento entre 43 e 63%.

Madeira

Mobiliário produzido através de uma nova tecnologia de compósitos de madeira, recentemente patenteada, que combina partículas de madeira e cardo com uma matriz de espuma de poliuretano para obter um material leve, mas resistente mecanicamente.

Etanol e Metano

É possível obter uma concentração de etanol, com 66,6% de eficiência e um rendimento de 270 g/kg de matéria seca. O melhor processo e pré-tratamento consiste num processo de sacarificação e fermentação simultâneas com pré-tratamento de explosão de vapor seguido por extração alcalina. O etanol é um álcool que pode ser matéria-prima de diversas indústrias. A produção de biometano, um biogás, por fermentação (ensilada) é uma alternativa para a produção de biocombustíveis, é praticável obter este biogás com rendimentos entre 200-245 m3/t de matéria seca.

RAIZ

A raíz contém inulina. A inulina é um composto de interesse, com efeitos nutricionais e probióticos, que tem sido encontrada como a principal reserva em órgãos subterrâneos em várias espécies de Asteráceas, incluindo as formas selvagens e cultivadas de C. cardunculus, com concentrações de inulina de até 80% em uma base de massa seca.